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Augusto Piva, PRESENTE!

Por: Carlos Roberto kaká

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Augusto Piva,candidato a vice prefeito na chapa Psol, PCB e PSTU  representando  o PCB fala na convenção do PSOL Osasco em 2012. Foto: Carlos Roberto kaká

Perdemos um grande Camarada. Augusto Piva, militante do PCB, Partido Comunista Brasileiro, sempre esteve ao lado da classe trabalhadora, trabalhava no sistema de saúde da prefeitura de Osasco aonde organizou juntamente com os demais trabalhadores e militantes o SINSSO “Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Osasco” para poder organizar a categoria e luta por mais direitos para a categoria e melhora a saúde para a população, e também ajudou a organizar a INTERSINDICAL OESTE. Em 2012 esteve junto na chapa da Frente de Esquerda na eleição municipal e foi vice-prefeito na chapa do PSOL, PCB e PSTU. O camarada faleceu nesse sábado dia 09 de Janeiro de 2016. Muita força à sua família neste momento de dor e tristeza. Seu compromisso com as causas populares fará muita falta. Sua alegria também fará falta, não apenas a seus familiares, mas a todos nós, companheiros, camaradas e amigos. Augusto Piva, Presente!

Fala do camarada Augusto Piva na convenção do PSOL Osasco em 2012

Augusto Piva, representando também o PCB. Para Piva, Osasco precisa de uma frente de esquerda. “Essa aliança com o PSOL representa o progresso, Osasco está precisando de uma frente de esquerda, o PCB se predispõe a construir essa luta, não só nas eleições, mas continuar… precisamos olhar para o povo que está precisando de mais saúde pública, levantar as bandeiras populares que os outros partidos abandonaram”.

PSOL Osasco

Carlos Roberto – Kaká Secretaria de Comunicação

 
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Publicado por em 10/01/2016 em Artigo

 

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Aumento do preço da passagem é abusivo, analisam especialistas

Postado: Brasil de Fato

Estudiosos de transporte e integrantes do Movimento Passe Livre afirmam que o Estado deve subsidiar o preço das tarifas ao invés de aumentar seu preço. MPL irá realizar jornada de lutas contra o aumento.

Por José Coutinho Júnior,

De São Paulo (SP)

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Manifestação de 2013 contra aumentos | Crédito: Agência Brasil

Manifestação de 2013 contra aumentos | Crédito: Agência Brasil

“Olha o Halls, olha o Trident, só um real!”. Leonardo Lourenço dos Santos, rapaz alto e de camisa vermelha, estava na rampa de entrada da estação Barra Funda na manhã desta quarta-feira (6) vendendo seus doces como todos os dias.

Ele chegou lá após 20 minutos de trajeto em um ônibus que pega todo dia. Como é trabalhador autônomo, Leonardo não recebe vale transporte, e os R$3,50 saem do seu bolso. A partir desta sexta-feira (8), sua locomoção será ainda mais cara: o preço da passagem irá aumentar para R$3,80.
“O aumento é desnecessário. O bilhete semanal e mensal foram legais, mas aumentar mais o preço é estar com o olho gordo no bolso da população”, desabafa o vendedor.

Ele garante que o aumento na passagem vai afetar seu trabalho. “Vai afetar porque vou ter que pagar mais na condução, e trabalho para mim [mesmo]”.

Maria José da Silva, que vende bolos e cafés para os trabalhadores que chegam apressados do Metrô indo ao trabalho, não pega ônibus para trabalhar, “só pego de vez em quando, pra sair”, mas acredita que o aumento na passagem pesa no bolso de todos. “O aumento é um absurdo. O salário mínimo aumenta, mas aumenta o preço de tudo. Afeta os negócios, eu não posso cobrar mais, porque o povo não vai ter como pagar”.

Capitais

O aumento da tarifa de ônibus foi anunciado no final de 2015 em seis capitais brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Florianópolis e Boa Vista terão reajuste a partir de janeiro.

Em São Paulo, o aumento foi de 8,57%. O preço da passagem de ônibus, Metrô e trem vai subir R$ 3,50 para R$ 3,80 e a integração de ônibus e trilhos de R$ 5,45 para R$ 5,92, após um acordo entre o prefeito Fernando Haddad (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB).

No Rio de Janeiro, os preços das passagens de ônibus subiram de R$ 3,40 para R$ 3,80 em janeiro e estão previstos para fevereiro aumento nos preços dos trens de R$ 3,30 para R$ 3,70 e das barcas de R$ 5 para R$ 5,60.

Belo Horizonte teve dois aumentos no preço da passagem em menos de seis meses. De R$ 3,40, o preço da passagem vai passar a R$3,70. O Ministério Público do estado questiona o reajuste. De acordo com o promotor Eduardo Nepomuceno, a Promotoria de Justiça Especializada na Defesa do Patrimônio Público apresentou uma ação, nesta segunda-feira (4), para tentar suspender a portaria que autorizou a elevação de preços.

O Movimento Passe Livre promete realizar uma jornada de lutas contra o aumento do preço das passagens. Nesta sexta-feira (8), irão ocorrer mobilizações em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

Em junho de 2013, após manifestações que foram duramente reprimidas pela Polícia Militar e que causaram ampla mobilização social, o preço das passagens não sofreu aumentos no ano seguinte.

Crédito: Paulo Pinto/Fotos Públicas

Aumento injusto

Para Lúcio Gregori, engenheiro que foi secretário dos transportes de São Paulo na gestão Erundina e que elaborou um projeto de tarifa zero, o aumento das passagens sempre é abusivo e fere o direito social ao transporte da população.

“O aumento é injusto sempre. E continua sendo essa coisa desagradável, com os reajustes feitos no fim do ano para vigorar no início [de 2016]. Parece uma jogada de ‘mal caratismo’, porque as pessoas estão de férias, o que pode diminuir as mobilizações. É algo altamente condenável de fazer, sem nenhum diálogo com a população”.

Para Luíze Tavares, do Movimento Passe Livre de São Paulo, o aumento gera uma segregação espacial nas cidades. “A tarifa vem aumentando muito rápido em pouco tempo. E é um ciclo vicioso: se você aumenta a tarifa, você perde usuários e o lucro cai. Se o lucro cai, você aumenta a tarifa. É uma segregação espacial, que limita o direito à cidade. Para grande parte da população, é complicado sair pela cidade sem ter que se preocupar se você vai ter o dinheiro para voltar”.

Alternativas

Seria possível que as passagens custassem menos à população? Para Lucio Gregori, a solução é subsidiar o preço da tarifa.

“Os níveis de subsídios das tarifas no Brasil são baixíssimos. São Paulo, que tem o maior índice de subsídio, é de 15%. Em Paris, por exemplo, esse valor chega a 70%. Se tivéssemos esse valor de subsídio, a tarifa com o reajuste seria de R$1,25”.

A forma de garantir esse subsídio, segundo Luíze, é por meio da cobrança de impostos progressivos. “É uma arrecadação que iria para custear o transporte, a tarifa zero. Cobrar mais de quem tem mais e nada de quem não tem nada. Hoje em dia, quem tem navio, iate não paga imposto por exemplo. Os pobres continuam pagando a conta dos ricos”.

Para Lúcio, medidas como essa não são implantadas por “falta de coragem, determinação e capacitação política”. “Os prefeitos e governadores poderiam fazer uma discussão no congresso e criar uma medida que substituísse o Vale Transporte por uma taxa mais geral, que criasse um fundo para subsidiar a tarifa, taxa essa que beneficiaria inclusive aqueles que são usuários hoje do VT”. Não fazer isso é um atraso político injustificável, e por conta disso ficamos todo ano nessa discussão do reajuste tarifário”.

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Para Kleiman, caráter não estatal dos transpostes prioriza o lucro | Crédito: Pedro Ventura/Agência Brasília

A diferença das cidades europeias para as brasileiras, no entanto, é que aqui o transporte é uma concessão dada a empresas privadas, enquanto  lá é estatal. Por conta disso, as empresas priorizam o lucro. É o que analisa Mauro Kleiman, coordenador do Laboratório Redes Urbanas e do Laboratório das Regiões Metropolitanas do Ippur/UFRJ.

“O transporte é uma concessão a empresas privadas. A empresa visa o lucro, não democratizar ou fazer dos deslocamentos um recurso social. Em outros países, por exemplo na França, o transporte é estatal. O Estado subsidia o deslocamento, e o subsídio vai ter impacto na planilha de custos gerais. O problema é que essa planilha no Brasil é uma caixa preta. Você não tem clareza de como ela se compõe para chegar ao índice de reajuste que temos. Teria que ter transparência, porque não existe elementos para poder ter a visão de como é feito esse cálculo”.

Por conta desse cenário, Cintia Melo, do Passe Livre de Belo Horizonte, defende que haja uma auditoria, que mostre de forma transparente à população do que é composto o preço da tarifa.

“É uma escolha política aumentar o preço da tarifa. Da mesma forma, seria uma escolha política manter a tarifa congelada até que haja uma auditoria séria do preço das passagens, para que o cidadão saiba do que é composta a tarifa que ele paga, para onde vai o dinheiro. O que não há é interesse. Os governos continuam comprometidos com as empresas de ônibus”, afirma.

Resposta

De acordo com as secretarias de Transportes da capital paulista e do estado , “mais da metade dos usuários do sistema de transportes (53%) não será impactada pela mudança na tarifa unitária porque são beneficiários de gratuidades, usam bilhetes temporais, que não terão aumento, ou são trabalhadores que pagam o limite legal de 6% do salário para o vale-transporte”.

A Prefeitura de Belo Horizonte não comentou a ação do Ministério Público. A BHTrans afirma que o reajuste está abaixo da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).

As outras secretarias e prefeituras de capitais citadas na matéria também afirmam que os aumentos estão previstos contratualmente e que seguem a variação inflacionária medida por organismos oficiais.

 
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Publicado por em 06/01/2016 em Artigo

 

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Movimentos populares aproximam campo e cidade através do debate em torno da alimentação saudável

Postado: Brasil de Fato

Especialistas acreditam que consciência da sociedade está aumentando em relação ao que se come.

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Em 2015, a questão da alimentação saudável foi fortemente debatida na sociedade. O tema deixou de ser pauta apenas de organizações e movimentos populares camponeses, passando a ser discutido inclusive no dia a dia da população de áreas urbanas.

A I Feira Nacional da Reforma Agrária, realizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em São Paulo entre os dias 22 e 25 de outubro, comercializou mais de 200 toneladas de alimentos, com cerca de 800 variedades de produtos das áreas de assentamentos da Reforma Agrária de todo o país.

“A importância da feira é política. O paulistano, a população da cidade começa a ter outra visão do que é a reforma agrária, diferente do que a grande imprensa coloca. E a população de SP tem dialogado com isso. A feira mostrou que somos capazes de produzir alimentos saudáveis de forma agroecológica, o que tem tocado muito a população, e nós queremos justamente mostrar que é possível produzir de forma agroecológica e orgânica sem aumentar o preço” afirma Milton Fornazieri, da direção do MST.

Na mesma linha, o I Congresso do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) reuniu 4 mil camponeses em São Bernardo do Campo, para estabelecer um diálogo entre o campo e a cidade, impulsionando o debate sobre a importância de produzir e consumir alimentos saudáveis.

Para Leonardo Melgarejo, engenheiro agrônomo e ex-integrante da CTNBio, as iniciativas desses movimentos são fundamentais para ampliar a consciência social sobre o perigo de consumir alimentos com agrotóxicos e a importância da alimentação saudável.

“A consciência coletiva neste caso dos alimentos também depende destes movimentos e campanhas, porque só muitas vozes conseguem abafar o alarido dos interesses que patrocinam as grandes mídias de comunicação”.

Ofensivas

Melgarejo denuncia que as empresas do agronegócio, representadas no congresso pela bancada ruralista, querem aprovar uma série de pautas que vão na contramão da alimentação saudável.

A pressão para que novos transgênicos e o uso de agrotóxicos mais nocivos sejam liberados irá continuar, e os mecanismos de análise atualmente em vigor são inadequados, além de um monitoramento pós-liberação destes produtos ser inútil, pois eles já terão sido espalhados no meio ambiente.

“É como se não houvesse sistema algum de acompanhamento do que ocorre no mundo real.

Estamos expandindo o uso de agrotóxicos mais perigosos, ressuscitando moléculas que estavam abandonadas pelo perigo que apresentam nas novas gerações de transgênicos, travestidas de soluções ‘modernas’ para o controle de problemas criados pelo uso abusivo de venenos que hoje são considerados ‘fracos’”.

Para se opor a esta ofensiva, só mostrando que outro modelo, que respeite a natureza e produza alimentos saudáveis, é possível. É o que defende Milton.

“A população começa a ter outra visão do que é a reforma agrária, diferente do que a grande imprensa coloca. Por isso queremos ampliar as feiras em 2016 para diversas outras cidades e estados. Essa deve ser a diferença entre a reforma agrária e o agronegócio: não basta só produzir alimento, nós queremos produzir alimentos limpos e saudáveis”.

 
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Publicado por em 02/01/2016 em Artigo

 

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Contradições do neodesenvolvimentismo são devastadoras para os trabalhadores

Postado: Correio da Cidadania

Escrito por Gabriel Brito, da Redação

ft_ricardoantunesEm entrevista do início do ano, o sociólogo do trabalho Ricardo Antunes já afirmava que “a falência do PT gera instabilidade política”, dentro de um governo praticamente “natimorto”. Em nova conversa com o Correio da Cidadania, além de reafirmar tais análises, Antunes descreveu todo o quadro de “crises econômica, política e social profundas”, o que torna tudo imprevisível até 2018, inclusive uma possível “reaparição heroica” de Lula. “Até lá muita água vai rolar, só não sabemos o que vai se passar com a presidência”.

No entanto, como se trata de uma crise generalizada, que nega credibilidade a toda a classe política, a paralisia se estende a todos os atores em cena. “Como existe relativa autonomização do judiciário e da Polícia Federal, torna-se tudo instável: a presidência, a vice-presidência, o presidente da Câmara e o presidente do Senado. Não é apenas coleira (no sentido de oposição e partidos fisiológicos interditarem o governo). Porque se de um lado o empresariado sabe que o impeachment abrirá uma crise social forte, por outro, uma paralisia da economia é assustadora. É inaceitável também para os assalariados”, sintetizou.

De toda forma, Antunes faz uma ampla análise do atual momento de Lula e do próprio processo histórico já denominado de lulismo, com seus traços “nefastos” e “centralizadores”, a impedir qualquer movimento de mudança dentro do PT. “É difícil aquilatar qual o tamanho da perda nos rincões do pauperismo e da miséria, base da segunda vitória de Lula. Mas minha intuição é de que o Lula se fragilizou porque a população o entende como o criador de uma criatura que faliu. Por que a Dilma foi escolhida, e não outras lideranças do partido, com trajetória política mais sólida? Por causa do controle que Lula sempre teve no PT”, explicou.

Diante do quadro, Ricardo Antunes lamentou que ainda não se tenha criado uma alternativa viável e prática no campo da esquerda, o que será ainda mais sofrível, em sua visão, nos próximos pleitos. Ainda assim, também destaca que no atual momento essa mesma esquerda alijada do jogo de poder não deve gastar demasiada energia em eleições, o que dá a ideia de urgência da reorganização através “das bases”, afirmação compartilhada por algumas outras lideranças.

“Digo com tristeza: a mais dura das medidas tomadas pelos governos do PT ao longo dos quatro mandatos foi destruir a esquerda brasileira. Assim, uma frente ampla, de esquerda, sob liderança do PT, é uma provocação. Militantes do PT que têm compromisso com as esquerdas críticas precisam admitir que erraram, acreditaram num projeto que faliu e estão dispostos a recomeçar, a refundar um outro projeto de esquerda. Mas estamos longe disso”, criticou.

Por fim, além de prever uma nova era de rebeliões (ou “contrarrebeliões”), Antunes reitera o que ele e muitos outros chamaram de mitos desenvolvimentistas e seu voo de galinha, que agora volta a terra nada firme. “O mito que alguns chamaram apologeticamente de neodesenvolvimentismo ruiu. O PT nunca foi neodesenvolvimentista. Oscilava entre o neoliberalismo e o social-liberalismo, com cara social-liberal, e acumulação capitalista concentradora de renda. E a renda do Bolsa Família não era retirada do capital. Evidentemente, o resultado é devastador para as classes trabalhadoras e o PT vai pagar o preço já nas eleições do que ano que vem”.

A entrevista completa com Ricardo Antunes pode ser lida a seguir.

Correio da Cidadania: No início do ano, você nos concedeu entrevista na qual afirmou estarmos diante de “governo natimorto”, fruto da “falência do PT”. Como enxerga essas assertivas diante da crise política, ética e econômica que já marcou todo o quinto ano de Dilma Rousseff na presidência da República?

Ricardo Antunes: O quadro atual confirma minha formulação provocativa de meses atrás. A eleição que Dilma ganhou sinalizava uma vitória eleitoral difícil e uma acentuação ainda mais profunda de um governo antipopular, completamente favorável aos grandes e dominantes interesses, em particular do capital financeiro. E seguidor dos constrangimentos e imposições indicados pelo FMI e o receituário da ordem, qual seja, o governo deveria implementar, o mais rápido possível, um ajuste fiscal profundamente destrutivo em relação ao mundo do trabalho, cortar conquistas, reduzir outras dos assalariados em geral, aumentar juros e garantir superávit primário. De tal modo que, ao encontrar respaldo dos interesses dominantes, do mundo financeiro e produtivo (ainda que num contexto de crise), acreditou que poderia iniciar seu segundo mandato.

De lá pra cá, além do agravamento da crise econômica, veio simultaneamente o agravamento exponencial da crise política. A Operação Lava Jato chegou aos núcleos dominantes do PT e aos laços de setores dominantes que controlavam as finanças do partido, inclusive com o empresariado mais destrutivo e corruptor, a exemplo da “burguesia empreiteira”. Tal crise foi ampliada pelo fato de o ajuste fiscal penalizar os setores assalariados (que garantiram a vitória de Dilma), empobrecidos e dependentes de Bolsa Família. Vale lembrar que Dilma perdeu apoio de parcelas dos assalariados e Aécio ganhou no ABC Paulista, mostrando como o derretimento petista se dá até no cinturão industrial de seu núcleo originário.

As duras medidas do ajuste corroeram parte do que resta da base de apoio de Dilma entre os assalariados. Tanto que vemos com frequência manifestações de movimentos como MST e MTST contra o ajuste fiscal e a política econômica de Dilma, ainda que contra o impeachment. Só em poucos casos é claramente a favor do governo também.

Porém, é visível que 10 meses depois da posse de Dilma o quadro é de completa imprevisibilidade. Em 13 de outubro, por uma liminar concedida pelo STF, Dilma conseguiu se livrar de um processo de impeachment, mas lembremos que é só uma liminar, a ser julgada mais adiante, além de outras iniciativas ainda em curso.

Assim, respondendo a pergunta, o governo Dilma é um governo que não governa. Um governo que levita. Não no ar, pois não tem mais condições de voo; ele derrapa no chão molhado. Cada medida que toma é uma “desmedida”, pois não se efetiva. É claro que assim começa a perder uma base de sustentação importante, junto a amplos setores do empresariado, especialmente o industrial, que em função da alta de juros e da falta de perspectiva para a economia nos próximos meses começa a retirar o apoio que era forte até recentemente. Esse empresariado não se bandeia completamente para o lado do impeachment porque sabe que abriria uma crise social no país. Muitos fazem oposição ao governo Dilma, mas não aceitam uma medida tomada por um parlamento cujo nível de comprometimento está visceralmente degradado. Basta dizer que o presidente da Câmara está completamente envolvido nas corrupções que vêm impregnando a política brasileira nas últimas décadas.

Portanto, não é possível que um parlamento dirigido por um político completamente envolvido em práticas de corrupção, conforme recente indicação do procurador geral da República, tenha legitimidade para depor o governo Dilma. Se o PT está envolvido até a medula em práticas de corrupção (o que está ainda sendo investigado), desde os inícios do governo Lula, não há ainda elementos que incriminem a presidência. Não há um elemento factível a dizer que a presidente da República, até o presente, envolveu-se diretamente com corrupção, contas e outros casos apresentados pela Operação Lava Jato.

O quadro, portanto, é de crises econômica, política e social profundas. E gera uma completa imprevisibilidade sobre se Dilma governará nesse voo rasante e derrapante até 2018, ou se sofrerá impeachment nos próximos tempos, ou se conseguirá algum soerguimento em função da retomada de algum crescimento econômico, o que nenhuma avaliação minimamente lúcida indica – na melhor das hipóteses, apenas em 2017. Até lá muita água vai rolar, só não sabemos o que vai se passar com a presidência.

E tem um elemento importante: em caso de queda de Dilma, seu vice também fica comprometido, de modo que aquela ideia que meses atrás ganhava força, de ter Michel Temer como espécie de paladino da ordem e da “frente amplíssima” pra preservar o impreservável, não cola mais. Afinal, o comprometimento da Dilma seria a partir das contas de campanha, que envolvem a presidência, ou das chamadas pedaladas, à medida que estendidas a 2015, supondo que levadas adiante, também envolveriam a vicepresidência da República.

Assim, veja o tamanho da tragédia. Ou farsa. Dilma cai acusada de corrupção junto de Temer, o presidente da Câmara (Cunha) toma posse de 90 dias, e o flanco fica aberto, pois este seria atacado por todos os lados por ter deixado rastros em todos os pontos por onde passou.

Correio da Cidadania: Desse modo, é precipitado reduzir a hipótese do impeachment à mera coleira política do mandato de Dilma, a ser usada pelo maior tempo possível.

Ricardo Antunes: Certamente. Não é apenas coleira. Porque se de um lado o empresariado sabe que o impeachment abrirá uma crise social forte no país, por outro, uma paralisia completa da economia é assustadora para o empresariado. É inaceitável também para os assalariados. O que os trabalhadores(as) estão vendo? Milhares de demissões. Quando não são demitidos, têm de negociar com uma faca no coração e uma espada nas costas para aceitar uma redução da jornada com redução salarial, a antessala do desemprego.

O capital financeiro, claro, percebe a alta dos juros e a ciranda financeira favorável, mas na medida em que tem de controlar o crédito quase sem poder emprestar, pois o risco de calote é enorme, cria toda uma paralisia econômica. E o movimento de rua das classes médias conservadoras, hoje, digamos, mais retraído, pode voltar, naturalmente. Pra completar, 2016 é ano eleitoral.

Não havendo o impeachment, se tenta uma alternativa onde o governo reina, mas não governa. Mas Dilma nem sequer reina. Isso é feito pelo “primeiro-ministro”, que até semanas atrás pautava a vida política do país, mas não sabe até quando será presidente da Câmara. Por certo tem o risco, crescente, de perder até o mandato, pois deixou rastro em todos os lugares por onde andou: contas esparramadas em varias áreas, com digitais, passaporte diplomático… E como existe relativa autonomização do poder judiciário e da Polícia Federal, não é possível controlar tais movimentos, o que torna tudo instável: a presidência, a vice-presidência, o presidente da Câmara e o presidente do Senado.

Correio da Cidadania: Como enxerga a figura de Lula em meio à crise política? O que se pode esperar deste político, ou deste ‘personagem’, ou do que se chama de lulismo, para os próximos tempos?

Ricardo Antunes: Primeiramente, o fenômeno do lulismo é muito recente. Fui dos primeiros a tratar algumas pistas a respeito, em dois livros de artigos – A Desertificação Neoliberal do Brasil e A Esquerda Fora do Lugar. A figura do lulismo é ainda pouco conhecida entre nós, embora se possa ter muitas pistas, como vem se dando desde 2002 pelo menos.

Em rápidas palavras, o lulismo é a figura carismática e em momentos de apogeu foi quase messiânica, de um líder que conseguia atingir as duas pontas da classe trabalhadora. No apogeu do Lula, ele tinha um respaldo quase inquebrantável da classe trabalhadora organizada brasileira, aquela classe trabalhadora que tem formas de associação sindical ou de algum outro nível, onde Lula era sua principal liderança. Não sem razão. É preciso dizer que Lula foi, talvez, a maior liderança sindical do século 20 brasileiro. É passado, mas foi. E foi com base nessa trajetória, de 1975 até 1989, e depois até 2002, algo real, que ele se tornou uma liderança nacional.

O lulismo, e em particular seu personagem, está também atado de forma indissolúvel à figura do Lula – assim como o varguismo está atado a Vargas e o brizolismo à figura do Brizola. Mas o lulismo não tem herdeiros. É um limite entre tantos outros do Lula. É tão autocentrado e personalizado que não tem herdeiros. O varguismo ao menos teve o janguismo e o brizolismo como herdeiros, entre outros que não eram Vargas, mas tentaram remar de forma similar. O lulismo não tem herdeiro algum.

No entanto, como dito anteriormente, com a crise do mensalão, a primeira devassa que se abateu na alta cúpula do PT, mostrando a corrupção política e, como sabemos hoje, com grandes traços de corrupção privada e enriquecimento pessoal, foi uma crise profunda. E a crise de 2005 tem muitas similaridades com a atual. Não tenho dúvida de que o Lula esteve a alguns segundos de sua renúncia naquele fatídico ano. Não tenho nenhuma dúvida disso, embora não tenha elementos objetivos. É pura intuição. Não sei se os leitores lembram de uma entrevista que ele deu na França, a uma jovem jornalista, completamente perdido. Seus olhos rodopiavam mais que pião. Só girava, não sabia o que responder. Dizia-se alvo de traição de dentro do próprio PT.

Depois de passado aquele período, Lula ganhou as eleições em 2006 e começou seu segundo governo. Houve uma mudança importante, conforme escrevi na época: “Lula começava a migrar da classe trabalhadora mais organizada para os setores mais empobrecidos da sociedade brasileira, que vivenciam os trabalhos mais precarizados, até o completo não trabalho e desemprego, típicos das populações pobres dos rincões brasileiros, onde o programa Bolsa Família teve incidência”. Vamos lembrar que o Bolsa Família começou no segundo mandato. No primeiro mandato o programa era o Fome Zero e foi um fracasso completo.

O Bolsa veio com um novo desenho, atingiu milhões de famílias e criou um bolsão eleitoral, que no fundo era uma tragédia política. O Bolsa Família garantia a sobrevida de famílias paupérrimas. A miséria poderia ser eliminada através de reformas estruturais profundas, pra diminuir a miséria brasileira, a exemplo do que seriam reformas agrária e urbana profundas e mudança do padrão capitalista brasileiro… Nada. O governo passou longe disso e o Bolsa Família passou a ser um modus operandi perpetuador do governo Lula. Com o Bolsa, o PT teria uma base excedente garantidora das vitórias eleitorais.

Esse segundo substrato de apoio ao lulismo garantiu a perda de apoio do Lula em setores organizados da classe trabalhadora. Quando vimos que nas eleições o Aécio – essa figura grotesca da direita brasileira – teve mais votos no ABC do que a Dilma, mostrou-se o tamanho da perda de apoio ao lulismo nos estratos organizadas da classe trabalhadora brasileira – embora no ABC haja uma classe média expressiva, ainda é um cinturão industrial. E a perda também atingiu as periferias.

É difícil aquilatar qual o tamanho da perda nos rincões do pauperismo e da miséria, base da segunda vitória de Lula. Mas minha intuição é de que o Lula se fragilizou porque a população o entende como o criador de uma criatura que faliu. E quando a criatura vai à falência, como a Dilma, uma parte expressiva da conta vai para o criador, pois é corresponsável pela falência política do governo de sua criatura, a exemplo de Paulo Maluf com Celso Pitta em São Paulo. Aliás, outro erro grave de Lula é a indicação de uma pessoa completamente inexperiente, pois qualquer um com o mínimo de lucidez sabia que na crise a Dilma não daria conta – e sou obrigado a dizer de novo que meus artigos apontavam isso na época.

Por que a Dilma foi escolhida, e não outras lideranças do partido, com trajetória política mais sólida? Por causa do controle que Lula sempre teve no PT. Ninguém faz nada dentro do PT que não seja completamente dependente de Lula. Qualquer mínimo exercício de autonomia é tolhido por Lula, outro traço certamente nefasto do lulismo.

A intuição que tenho é que para Lula ganhar uma eleição vai ter de suar muito a camisa, vai ter que usar muito a voz, que já sabemos não ser mais a mesma, nem literal, nem metaforicamente. Vai ter de suar demais, porque o desgaste do PT é poli e multiclassista. Esse é o dado novo. Ele perdeu o apoio decisivo das classes ricas, dominantes e proprietárias. De forma devastadora, perdeu apoio das classes médias tradicionais – o mito de que o PT criou uma nova classe média não pode ser levado a sério. E perde apoio, também exponencial, nos vários estratos distintos, “compósitos e heterogêneos”, para lembrar nosso querido Florestan Fernandes, que fazem parte da nossa classe trabalhadora. E Lula sabe de tudo isso.

Só uma mudança muito profunda de situação, com expansão econômica em 2017, a apagar um pouco da tragédia atual, pode dar-lhe sobrevida. Hoje não tem, e se imaginar que tem sobrevida garantida estará errando mais uma vez. Sua sorte é que a oposição mais à direita – porque o PT tem um amplo leque de direita ao seu lado – não tem candidato forte. Aécio saiu fortalecido da última eleição, porque seu nome tornou-se mais nacional, mas o próprio PSDB não se entende, e o Alckmin não quer deixar que as Minas Gerais novamente carreguem a bandeja.

Já as esquerdas do PT não foram capazes de esboçar até hoje uma confluência política de tantos movimentos sociais e sindicais que pudessem gerar novas lideranças. De certo modo, já vemos novas lideranças aparecendo em movimentos. Na última eleição, Luciana Genro qualificou-se como jovem candidata de esquerda, corajosa e capaz de tratar temas contemporâneos com qualidade. Mas ainda não conseguimos criar confluência social e política. Há algumas lideranças como a de Luciana Genro – à medida que tem ligações fortes com PSOL e a juventude – ou o Boulos do MTST, em São Paulo, mas estamos aquém de ter uma alternativa. Portanto, o quadro para 2018 também é muito nebuloso.

A única coisa que me parece evidente é que imaginar o Lula vencedor das eleições em 2018 significa não ter ideia do nível de corrosão que o PT e todos os seus dirigentes vêm sofrendo, de modo devastador.

Correio da Cidadania: Já que você falou de Boulos e Genro, o que pensa das iniciativas de reação a esse quadro de retrocessos generalizados, tanto dentro quanto fora do escopo governista, a exemplo da Agenda Brasil (mais governista) e da conformação da Frente Povo sem Medo?

Ricardo Antunes: São manifestações distintas, embrionárias e num quadro defensivo. Quanto à primeira das citadas, pensar numa Frente de Esquerda com liderança do PT enseja a pergunta jocosa: “a Odebrecht vem junto?” É uma piada. Se não fosse verdadeiro, seria piada. Frente de Esquerda com o governo que está em seu quarto mandato e ainda não tomou nenhuma medida de esquerda, nenhuma, que minimamente contrariasse os interesses dominantes, é piada. De novo: não tomou nenhuma medida de esquerda. Não houve nada no sentido de falar “agora o governo é popular e o país não vai ser mais o mesmo”.

Não houve taxação de grandes fortunas; não houve reforma tributária progressiva, algo elementar, no sentido de tributar mais quem tem mais e destributar a classe trabalhadora; não houve nenhuma mudança da estrutura agrária, pelo contrário, o PT foi espetacular para o agronegócio. A burguesia agrária, devastadora, que não faz outra coisa se não aprofundar o uso de transgênicos e pesticidas, foi inteiramente beneficiada pelos governos do PT.

Portanto, uma “Frente Popular” ou “Frente de Esquerda” com o PT é provocação. Só se for uma Frente de Esquerda para carregar cadáver político. O PT tem de ser responsabilizado por suas atitudes. Claro que me refiro à ala dominante do partido e separo certos núcleos de base, as pessoas sérias, a militância que acreditava num partido diferente, como nos anos 80.

Mas o núcleo dominante do PT, que está em parte encarcerado, em parte processado, não tem mais como chegar no PSOL, no PSTU, nos movimentos, e dizer “vamos costurar, agora que estamos morrendo, uma Frente de Esquerda”. Digo com tristeza: a mais dura das medidas tomadas pelos governos do PT ao longo dos quatro mandatos foi destruir a esquerda brasileira. O PT de 2015 tem muito pouco a ver com o PT de 1980. A CUT perdeu, ao longo dos anos 2000, um conjunto enorme de tendências e militantes sociais que estavam lá desde sua formação, em 1983. Assim, uma frente ampla, de esquerda, sob liderança do PT, é uma provocação. Militantes do PT que têm compromisso com as esquerdas críticas precisam admitir que erraram, acreditaram num projeto que faliu e estão dispostos a recomeçar, a refundar um outro projeto de esquerda. Mas estamos longe disso.

Naturalmente, sou contrário ao impeachment. Até prova cabal de que a presidência esteve diretamente envolvida em corrupções, como se prova hoje em relação a Cunha (e como deveria se provar com as muitas “Lava Jatos” de governos de PSDB, DEM etc.). As pedaladas podem ser reprováveis, mas aí teríamos de “cassar” os mandatos de FHC e de todos os governos e prefeitos que fizeram e fazem o mesmo. Elas podem ser reprováveis, mas não podem valer somente com um governo.

Iniciativas como a “Frente Povo Sem Medo” e vários outros movimentos têm uma dificuldade interna. São muito importantes para dizer, por exemplo, que o Levy é, sim, o governo Dilma. Ele não foi imposto contra a vontade. Primeiro, ela tentou o Luiz Carlos Trabuco e por sorte deus nos livrou desse trambolho, como o próprio nome indicava. Aí veio o Levy. E as medidas do Levy são as medidas de Dilma. E do PT também, pois o Lula tem dito que é preciso apoiá-las.

Outro ponto: dizem que Levy não tem apoio do PT. Mas nunca vi uma nota pública do Lula desqualificando Levy. O Lula, pícaro que é, vai no MST e faz um discurso bravio. Depois vai na Dilma e fala “maneira, Dilma, entrega tudo ao PMDB, até a alma”. Importante é ver que a tragédia, que ruiu em 2015, foi toda arquitetada por Lula: uma frente de conciliação entre modos de ser incompatíveis e antagônicos. Mas Lula tem uma habilidade política espetacular, é um homem da conciliação. E a Dilma é da rejeição. O que ouvimos dizer é que a convivência diária com a Dilma é infernal. Ela é autoritária, autocrática, mandonista, impositiva. O oposto do Lula, uma figura “encantadora” para praticar, espetacularmente, a conciliação.

Ou seja, o PT foi fagocitado justamente por aquilo que criticou. O PT nasceu nos anos 80 criticando a política de conciliação de classes do velho PCB. O PT está sendo completamente fagocitado por uma política de conciliação na qual se entregou de corpo e alma para o demônio, o capital. Agora é vomitado e devolvido, porque não interessa mais. Agora o demônio quer de volta os velhos executores de sua política.

A questão dessas manifestações é: muito dificilmente se pode criticar o Levy e defender Dilma. Eu não concordo com isso. Criticar o Levy nos obriga a dizer que o governo Dilma é nefasto e antipopular. Mas é muito difícil dizê-lo e, ao mesmo tempo, também conforme penso, afirmar que não dá pra aceitar a derrubada do governo. Hoje seria com a Dilma, mas amanhã poderia ser contra Luciana Genro ou qualquer governo popular. É inaceitável. Não falo de golpe militar, mas parlamentar. Como todos sabem, em 1964, quando Jango saiu de Brasília a Porto Alegre para buscar forma de resistir ao golpe, o parlamento e os Cunhas de então legitimaram a “vacância do cargo” e o golpe militar.

Por isso que o atual parlamento está na sarjeta. É das instituições mais repudiadas e tenho impressão de ser mais rejeitada que a Dilma, com essa bancada BBB, mais o capital financeiro e tudo o mais que há por lá, salvo pequenos núcleos ligados às esquerdas, que são minoritários.

Correio da Cidadania: Estamos diante da maior taxa de desemprego dos últimos cinco anos. Já se pode fazer um balanço contundente a respeito das políticas de ajuste fiscal ditadas pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e suas graves consequências sociais em geral e para o mundo do trabalho em particular?

Ricardo Antunes: Existe a aparência de algo nefasto porque esse projeto é essencialmente nefasto. É o projeto do sistema financeiro, no sentido de ser momento de enxugar o Estado em tudo que diz respeito às suas atividades públicas e sociais. O que se gasta com a dívida pública e juros que se remuneram ao sistema financeiro é muito maior que todo o arrocho praticado pelo ajuste fiscal de 2015.

Bastaria outra política, de contenção de juros, antiespeculativa, com outro rumo, o que neste momento, com esse governo, seria impossível. Mas ninguém poderia esperar em outubro de 2014 uma guinada à esquerda do PT, depois de 12 anos servindo as direitas e aos capitais.

A Dilma não poderia fazer diferente, portanto. Podia continuar o que já vinha fazendo, o que daria em curto-circuito, ou jogar a conta em cima dos assalariados, como feito. O ajuste se resume ao mesmo que as classes dominantes sempre fizeram em tempos de crise: jogar a conta para a classe-que-vive- do-trabalho, que depende do salário pra sobreviver. E hoje não tem emprego, não tem seguro-desemprego e vivemos uma situação mais triste que anteriormente.

O mito que alguns chamaram apologeticamente de neodesenvolvimentismo ruiu. O PT nunca foi neodesenvolvimentista. Oscilava entre o neoliberalismo e o social-liberalismo, com cara social-liberal, e acumulação capitalista concentradora de renda. E a renda do Bolsa Família não era retirada do capital. Era uma redistribuição por dentro dos assalariados. Os capitais só engordaram e cresceram no Brasil da era Lula.

Evidentemente, o resultado é devastador para as classes trabalhadoras e o PT vai pagar o preço já nas eleições do que ano que vem. As respostas da classe trabalhadora serão duras contra o PT. E será triste se não formos capazes de ao menos germinar alternativas à esquerda, capazes de canalizar o descontentamento e não deixá-lo ir pra direita, desse modo tosco e bruto que vemos.

Que ao menos comecemos a reinventar a ideia de outro modo de vida, outro modo de produção, outra organização da política, que recuse essa institucionalidade. Um modelo mais democrático, mais popular, mais fundado na soberania do povo, com mais assembleias e plebiscitos. Enfim, o exercício de alguma coisa de novo tipo.

Correio da Cidadania: Diante do que você espera de uma continuidade do mandato de Dilma e suas consequências na vida política nacional, o que restará para a população, em termos de condições de vida e trabalho?

Ricardo Antunes: Vários movimentos. Deterioração das condições de vida, destroçamento do que resta da res publica, com a saúde e a educação públicas ficando mais precarizadas. O governo estadual do PSDB fecha escolas! Ou seja, a coisa passa por todas as esferas de governo. Quando Levy anunciou suas primeiras medidas, a pasta que mais sofreu cortes foi a Educação. Essa tendência vai aumentar.

Paralelamente, vamos ter aumento das revoltas e rebeliões. É evidente. A população das periferias adquiriu um novo patamar de consciência de seus direitos e das tragédias que permeiam o país. A Copa das Confederações (em junho de 2013) conjugou três movimentos: as rebeliões do mundo inteiro (Oriente Médio, EUA e Europa), a percepção da falência do mito do projeto lulista e, por fim, o fato de os megaeventos esportivos mostrarem que havia dinheiro pra estádio, pra Copa, pras transnacionais, mas não pra educação e saúde.

Não é difícil imaginar, novamente, uma situação de curto-circuito com esses três fios se interseccionando e reaparecendo um quadro favorável a rebeliões de massa. Se não caminhar em tal direção, teremos rebeliões episódicas e moleculares em todo o país, mais ou menos passivas. Greves também, coisa que o Brasil só viu crescer nos últimos anos. Em 2013 e 2014 o número se ampliou ainda mais, conforme dados do Dieese. E em 2015, quem está empregado teme o pior. Quem está no desemprego, não tem muito a perder.

Imagino uma nova era de rebeliões. Se mais ou menos moleculares, não sabemos. Tomara que essas manifestações de rua, greves, de caráter polissêmico, que marcam as lutas sociais do país, comecem a encontrar alguns polos de confluência que permitam um salto. Uma ideia que venho elaborando mais recentemente, uma triste constatação, é que as direitas, em 2015, politizaram as rebeliões de 2013 para seu campo, isto é, da contrarrevolução, do ódio ao comunista, ao socialista. Todos são comunistas, o PT é comunista, até os liberais! A direita vê comunista até no rabanete das feiras livres.

Correio da Cidadania: Conclui-se que a esquerda agora vê o preço de não ter acelerado sua reorganização nos últimos tempos?

Ricardo Antunes: As esquerdas dos movimentos sociais não conseguiram dar um salto, a partir das manifestações de massa e populares, para um patamar mais ofensivo. Tomara que saibamos avançar. O caminho, que em geral nossas esquerdas têm dificuldade de encarar, é não ficar focado na próxima eleição. Não adianta pensar nas eleições de 2016, 2018! Precisamos de um campo social e político organizado pela base, em manifestações cotidianas, decisões plebiscitárias, avanço de ações coletivas, sejam sindicais ou sociais. É necessária uma articulação mais generosa dessa enorme multiplicidade de movimentos sociais e das esquerdas, onde isoladamente cada um de nós somos poucos. Mas juntos, não!

Outro ponto é que trabalhamos muito com a dicotomia movimentos sociais x partidos. Um ou outro. Não estou de acordo que são dicotômicos. Os movimentos são muito importantes por estarem atados à vida cotidiana. A questão da terra é o sentido da vida para o MST, o assalariado rural, a camponesa. Terra, alimentação, casa e vida nova. Os sem teto sabem que na arquitetura do “planeta favela” os ricos vivem fechados em guetos com segurança à lá Robocop e fazem as periferias serem expulsas para lugares ainda mais periféricos. O estádio Itaquerão é exemplo perfeito: a região se valorizou e teve gente que foi expulsa para a periferia da periferia.

Os movimentos, portanto, têm muita colação com a vida cotidiana, mas têm mais dificuldade, até pelos seus métodos e necessidades, de terem projetos mais longevos, de pensar no amanhã e também no depois de amanhã e combinar com a atualidade. Falo isso deixando de lado as excepcionais exceções, trata-se mais de uma síntese. Os partidos de esquerda ao menos reconhecem que precisam adentrar o século 21 pensando o novo. Refiro fundamentalmente a PSOL, PSTU, PCB e pequenos grupamentos que procuram se inserir no mundo e na vida real, e em geral têm um olhar mais longevo, a respeito de que sociedade queremos e como caminhar. Mas têm uma grande dificuldade de se vincular às lutas cotidianas, que são exatamente a força dos movimentos sociais. A força de uns é o limite de outros e vice-versa.

Estou fazendo uma síntese, repito. Não sou da ideia de que “os partidos acabaram, viva os movimentos sociais”! Os movimentos podem ter muita vinculação com a vida concreta, mas é difícil um movimento ter a longevidade, por exemplo, do MST. Este, é um movimento forte porque tem dinâmica e vida de base, não só de luta cotidiana. As mulheres do MST podem discutir ações e atitudes, assim como os assentados, pois têm autonomia na base que lhes permite avançar um pouco. E creio que o mesmo possa se dizer, em certa medida, no MTST. Mas eles também têm dificuldades.

Muitos movimentos sociais nascem e desaparecem. Os partidos ao menos têm se mostrado mais longevos, porém, perdem capilaridade com a vida cotidiana, de tal modo que o salto positivo no século 21 seria a aproximação desses dois polos orgânicos do mundo do trabalho. A energia que ainda tenho invisto nessa direção, que talvez nos permita sair de um momento, para lembrar Florestan Fernandes, de contrarrevolução. Das rebeliões de 2013 às “contrarrebeliões”. Do flagelo dos imigrantes na Europa à construção de muros pelo Estado fascista húngaro, para que não atravessem o continente. Assim como as, até agora, balas de chumbinho nos haitianos em São Paulo o demonstram.

 
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Publicado por em 30/12/2015 em Entrevistas

 

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2015, um ano amargo para o povo trabalhador, porém, de esperanças com e para as novas gerações

Por: Correio da Cidadania – 20 Anos

Escrito por Waldemar Rossi

Se bem que os trabalhadores brasileiros não tenham como e por que esperar por dias melhores ao longo de suas vidas, também não há certeza de que “dias piores viriam”, apesar de todos os sinais dos tempos políticos e econômicos. Mas o trabalhador não encontra tempo para mergulhar em análises sociopolíticas; é escravo do tempo que usa para ir e voltar do trabalho e pelas longas horas de sua jornada em busca do necessário para garantir a sua sobrevivência e a de sua família. “Informa-se” pelo noticiário da Globo ou lendo as manchetes de jornais, que nada informam, e vai caminhando no mundo das incertezas.

Assim, apesar das muitas evidências de que o ano seria duro, o trabalhador que ainda estava no emprego tinha esperanças de que 2015 seria menos ruim que os anteriores. Por outro lado, aquele que já estava desempregado alimentava ao menos a esperança de conseguir um bom emprego com salário que desse para “remediar” as dificuldades rotineiras de uma casa de quem vive do seu ganha-pão.

Na medida em que os meses foram se sucedendo, o homem e a mulher que trabalham foram percebendo que suas esperanças calcadas no sistema que nos governa estavam indo água abaixo. Progressivamente, foram sentindo que seus dias amargos poderiam chegar, fazendo aumentar as angústias também rotineiras em suas vidas. Para milhões desses lutadores, o “dia D” chegou com a notícia de que estavam desempregados.

Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), entre janeiro e novembro deste ano foram fechadas 945.363 vagas de trabalho com carteira assinada. Em doze meses (dezembro 2014 e novembro 2015), o país fechou 1.527.463 postos de trabalho. Porém, os números são frios e não abordam os dramas originados pelo desemprego na vida daqueles que, enquanto no trabalho, deram parte de suas vidas para gerar a riqueza para as empresas e seus empresários. O universo capitalista é perverso, cruel, frio, gera crimes hediondos camuflados pela mídia mancomunada com o mundo empresarial.

Como dito, os números são frios e nem sempre mostram a verdade. Quando os dados oficiais revelam os números do desemprego não estão revelando os dados referentes à rotatividade do trabalho. Quantos outros trabalhadores também ficaram desempregados, por algum tempo, para conseguir novo emprego, em geral com seus salários rebaixados? Sem dúvidas, esses vão muito além dos números oficias do desemprego. E, assim, de rotatividade em rotatividade, sobretudo em épocas de crise para a economia capitalista, o padrão de vida do assalariado vai sendo reduzido progressiva e cruelmente, sem que ele se dê conta do abismo em que está sendo jogado.

Apesar do sistema e seus crimes, nem tudo são trevas. Novas gerações vão se insurgindo contra todos esses desmandos, desacreditando nos políticos, nos partidos, nos governantes e nas instituições. São os jovens que consciente ou inconscientemente ainda se dão conta de que já não dá para esperar pelos “de cima” e, aos poucos, vão descobrindo novas formas de fazer política, a sua política, que vem de baixo cutucando os de cima.

Foi assim em 2013 com a rebeldia de algumas centenas de milhares de jovens que ousaram ocupar as praças e ruas das nossas cidades, protestando contra tudo e contra todos, não apenas para exigir o “passe livre”. Foi a mescla de gerações quarentonas e gerações realmente jovens que não se intimidaram diante do extraordinário e violento aparato policial dos vários estados.

Para muitos, ficou a sensação de que “a onda” havia passado. Esqueceram-se de observar que a brasa continuou viva, embora encoberta por vários tipos de cinzas, para explodir com muita força, coragem e vigor, na ocupação das centenas de escolas estaduais do estado de São Paulo – o que agora contagia os secundaristas de Goiás.

Por incrível que possa parecer, a mídia canalha não conseguiu, como de costume, jogar a opinião pública contra a garotada. Nem mesmo os instrumentos de pesquisa conseguiram camuflar os dados, pois tiveram de revelar o óbvio: a maioria da população paulista estava contra o governo e a favor da luta pela justiça. Caiu o todo poderoso Secretário da “Educação” e o arrogante governador se viu forçado a baixar sua crista. Claro que essa guerra não acabou.

Os reacionários não se deram por vencidos e tentarão repetir a traição praticada contra a juventude, pela então secretária da Educação dos tempos de Mario Covas, Rose Neubauer, que fez nosso sistema de ensino se transformar num dos piores entre os 27 estados brasileiros.

A guerra não acabou também para essas novas gerações que, “aos trancos e barrancos”, vão fazendo seu aprendizado político e descobrindo que podem ser os protagonistas das mudanças estruturais de que este país tanto necessita.

Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.

 
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Publicado por em 27/12/2015 em Artigo

 

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Multidão toma as ruas contra o impeachment, o ajuste fiscal e pela saída de Eduardo Cunha

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Contra o impeachment, contra o ajuste fiscal e pelo fora Eduardo Cunha, milhares de trabalhadoras e trabalhadores foram às ruas de todo o Brasil nesta quarta-feira. Em São Paulo, onde se realizou a maior manifestação, diversos movimentos sociais, com destaque para o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), entidades sindicais e estudantis ocuparam a avenida Paulista até a Praça da República, onde finalizou o ato. A Intersindical Central da Classe Trabalhadora se somou  a atividade,  como vem se empenhando pela unidade em torno da pauta e dos interesses populares.

Na descida da Rua da Consolação, uma das grandes avenidas da capital paulista, do início da manifestação não se enxergava seu fim, tamanha era a imensidão de trabalhadores participando da atividade. As mulheres, inclusive, tiveram um destaque particular neste ato, por estarem em elevada quantidade de companheiras.

Coordenador Nacional do MTST, Guilherme Boulos esclareceu que “a maioria do povo brasileiro, vai estar nas ruas e não vai aceitar o impeachment porque ele é ilegítimo, fruto de chantagem de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que não tem condições de ser deputado”. Ele também recordou que foi o Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP) quem inventou as pedaladas fiscais no governo dele. Para Boulos, “o impeachment significa a tentativa de construir uma saída à direita para a crise”.

Edson Carneiro Índio, Secretário Geral da Intersindical, disse que os trabalhadores estão nas ruas “para rechaçar o processo de impeachment, que não veio pra punir pedalas, para combater a corrupção ou para melhorar a vida do povo brasileiro”. Segundo ele, um “fora Dilma” vai permitir que o Michel Temer possa aplicar o programa que o PMDB negociou com o grande capital. Eles querem acabar com garantias sociais da Constituição Federal, impor aposentadoria só depois dos 65 anos, aprovar a terceirização geral e irrestrita, além de privatizar a Petrobras”.

Em sua análise, a substituição de Dilma não seria favorável aos trabalhadores. “Precisamos ocupar as ruas para derrotar o ajuste fiscal, reduzir a taxa de juros, que só beneficia os banqueiros, acabar com a política de cortes no programa Minha Casa Minha Vida, cortes na educação”.

Índio esclareceu que “ser contra o impeachment não se traduz em apoio ao governo. Queremos mudança da política econômica que beneficie os trabalhadores, a juventude pobre e negra, as mulheres”.

No mesmo sentido, Gilmar Mauro, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), afirmou que são as reformas estruturais e o não retrocesso de direitos que a classe trabalhadora quer discutir. “A batalha das ideias tem de continuar no próximo período. É preciso dizer que quem paga as contas nesse país é a classe trabalhadora e que toda a produção passa pelas mãos dos trabalhadores. Não viemos para as ruas a toa. É a nossa pauta que queremos discutir no próximo período”, apontou.

Afastamento de Cunha

Ao fim da manifestação, que literalmente cobriu de povo a Praça da República, os presentes receberam a informação de que a pressão pelo país tinha surtido efeito favorável: o Procurador-geral da República solicitou junto ao Supremo Tribunal Federal o afastamento de Eduardo Cunha do cargo de deputado federal e, consequentemente, da presidência da Casa.

Na última terça-feira, 15, a Polícia Federal já tinha cumprido um mandado de busca e apreensão na em sua casa a pedido do Supremo Tribunal Federal (STF).

Construção unitária e de esquerda

Em São Paulo a manifestação foi composta por muitas pessoas a favor da pauta e não ligadas a movimentos organizados e, também, foi construído por uma comissão operativa composta por MTST, CUT, INTERSINDICAL, CTB, UNE, MST, CONEN.

Além de participação de outras entidades como MAS, Brigadas Populares, MLB, Círculo Palmarino e contou com representantes de diversos partidos, entre eles o PSOL.

Confira abaixo as imagens do ato:
(clique na imagem para vê-la maior e navegar entre as fotos)
Foto capa da matéria: Nelson Ezídio / Fotos: Alexandre Maciel e Nelson Ezídio

 

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Resolução: Não ao impeachment. Contra o ajuste fiscal. Fora Cunha!

Por: Intersindical Central da Classe Trabalhadora

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A Intersindical Central da Classe Trabalhadora, por meio da sua Direção Nacional reunida na capital paulista nos dias 12 e 13 de dezembro, considera:

1- que a abertura de processo de impeachment da presidente da república é ilegítimo. Para nós, ser contra o impeachment não se traduz em apoio ao governo Dilma, que adota uma política indefensável, com um ajuste fiscal que joga sobre os ombros da classe trabalhadora os custos da crise. No entanto, o “fora Dilma” permitiria a Michel Temer aplicar o programa que o PMDB negociou com o grande capital, como: mais privatizações, reforma da previdência que estabelece idade mínima de 65 anos para aposentadoria, desvinculação do benefício previdenciário ao salário mínimo, terceirização geral e irrestrita, negociado sobre o legislado, fim da destinação constitucional de recursos para educação e saúde públicas entre outras medidas, como a redução da maioridade penal que demonstram que a destituição de Dilma não será seguida por um governo progressista ou comprometido com interesses da maioria do povo brasileiro. Nesse sentido, ser contra o impeachment é pela democracia e contra o avanço do PMDB e da direita;      

2- quem deve ser impedido de prosseguir no cargo é Eduardo Cunha, com “seus” milhões na Suíça, crimes de lavagem de dinheiro, chantagens e manobras golpistas à frente da Câmara dos Deputados. O nefasto Cunha comandou uma maratona de ataques aos direitos trabalhistas, da juventude pobre e negra, das mulheres, dos indígenas, da comunidade LGBT, da democracia, com o financiamento empresarial de campanhas e se constitui como representante do que há de pior na política brasileira.

Diante do exposto, nossa Central resolve:

1- Seguimos na construção da Frente Povo Sem Medo e reafirmamos a nota que se posiciona contra o impeachment, contra o ajuste fiscal e defende a destituição do indecoroso Eduardo Cunha do mandato de deputado;

2- participar das mobilizações que tenham como mote esses três eixos, como os que ocorrerão no dia 16 de dezembro. Não participaremos de atos que não respeitem esses eixos e que sejam de apoio acrítico ao governo. Nossa tarefa é lutar contra o impeachment, pelo Fora Cunha Cunha e contra a política econômica restritiva, que levou à recessão e aumento do desemprego e corte de investimentos sociais.  

Nos somamos ao conjunto das organizações populares e democráticas de nosso país dispostas a construir ampla unidade a fim de combater os ataques e resistir à agenda regressiva de direitos que domina a pauta política do país. Barrar a ofensiva da direita, derrotar o ajuste fiscal dos governos federal, estaduais e municipais e ganhar força para recolocar na pauta do país as reformas populares como a tributária, urbana, agrária,  democratização das comunicações, auditoria da dívida pública e outras medidas que cheguem à raiz dos principais problemas que afetam a maioria do povo brasileiro.

Que os ricos paguem pela crise!

São Paulo, SP, 13 de dezembro de 2015
Direção Nacional da Intersindical Central da Classe Trabalhadora

 

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Contra o impeachment! Não ao ajuste fiscal! Fora Cunha!

Fora Cunha

O momento político pede muita unidade e mobilização popular. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, aceitou a instalação do processo de impeachment da Presidenta Dilma, numa tentativa de chantagem a céu aberto. Tenta subordinar os destinos do país à salvação de seu pescoço. Não há nenhuma comprovação de crime por parte de Dilma, e o impeachment sem base jurídica, motivado pelas razões oportunistas e revanchistas de Cunha é golpe.

As ruas pedem: Fora Cunha! Atolado em escândalos de corrupção e representante da pauta mais conservadora, Cunha não tem moral para conduzir o processo de impeachment, nem para presidir a Câmara dos Deputados. Contas na Suíça, fortes acusações de lavagem de dinheiro são crimes não explicados por ele. Cunha será lembrado pelo ataque aos direitos das mulheres, pelo PL da terceirização, a proposta de redução da maioridade penal e por sua contrarreforma política. Os que querem o impeachment são os mesmos que atacam os direitos dos/das trabalhadores (as), das mulheres, dos /das negros (as) e disseminam o ódio e intolerância no país.

Ao mesmo tempo, entendemos que ser contra o impeachment não significa necessariamente defender as políticas adotadas pelo governo. Ao contrário, as entidades que assinam este manifesto têm lutado durante todo este ano contra a opção por uma política econômica recessiva e impopular. As consequências da crise econômica mundial estão sendo aprofundadas pelo ajuste fiscal promovido pelo governo federal, que gera desemprego, retira direitos dos trabalhadores e corta investimentos sociais. Não aceitamos pagar a conta da crise.

A saída para o povo brasileiro é a ampliação de direitos, o aprofundamento e o fortalecimento da democracia e as reformas populares. O impeachment representa um claro retrocesso na construção deste caminho.

Seremos milhares nas ruas no dia 16 de dezembro de 2015. Será o dia Nacional de Luta contra o Impeachment, o ajuste fiscal e pelo Fora Cunha. Convidamos a todos os Brasileiros e Brasileiras a fazerem parte desse bloco contra o retrocesso e por mais direitos.

 

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Nota da Secretaria Geral da Intersindical sobre a abertura do processo de impeachment

Postado: INTERSINDICAL CENTRAL DA CLASSE TRABALHADORA

Impeachment002O impeachment da presidente não é uma medida para beneficiar o povo brasileiro. Ao contrário, o “fora Dilma” permitiria a Temer aplicar o programa que o PMDB negociou com o grande capital, como aposentadoria só depois dos 65 anos (60 se mulher) e desvinculação da aposentadoria ao salário mínimo, terceirização geral, prevalência do negociado sobre o legislado que acaba com os direitos trabalhistas, fim da destinação constitucional de verbas para a saúde e educação públicas.

Quem deve ser impedido de prosseguir no cargo é Eduardo Cunha, que não tem legitimidade para ser presidente da Câmara. “Seus” milhões na Suíça, suas mentiras e chantagens provam isso. Sem falar de sua atuação para acabar com os direitos trabalhistas, das mulheres, da juventude pobre, dos indígenas.

Ser contra o impeachment da presidente não significa apoiar o governo e sua política indefensável. É preciso derrotar o processo de impeachment, mas também combater o ajuste fiscal do governo Dilma que joga a crise nas costas do trabalhador.

A maioria do povo brasileiro tem razão para estar enfurecida com a presidente. Por isso, devemos fazer pressão total pela reversão dessa política recessiva, que eleva o desemprego, destrói políticas públicas e leva milhões de pessoas ao desespero. Mas não podemos nos deixar enganar por uma campanha orquestrada para impor um governo ainda mais comprometido com os interesses antipopulares.

Essa campanha da direita não visa acabar com a corrupção no Brasil ou punir a chamada “pedalada fiscal”. Objetiva, na verdade, garantir renda pública e do trabalho para restabelecer a acumulação expandida do grande capital, mesmo que isso signifique ampliar a exploração sobre o povo e agravar a crise social.

Indio IntersindicalEdson Carneiro Índio

Secretário Geral da Intersindical – Central da Classe Trabalhadora

 
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Publicado por em 07/12/2015 em Politíca

 

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Projeto de reorganização das escolas de São Paulo será adiado por um ano

Por: Brasil de Fato – Da Redação

Após mobilizações dos estudantes contrários à medida, governador suspende medida que fecharia 94 escolas.

ESTUDANTES

O Governador Geraldo Alckmin recuou com o projeto de reorganização do ensino estadual nesta sexta-feira (04). Em coletiva, o governante afirmou que irá adiar o processo durante um ano e que irá “aprofundar o diálogo” em 2016.

“Entendemos que devemos aprofundar o diálogo. Isso fecha um ciclo que permite a gente ajudar no ensino infantil. Vamos dialogar escola por escola. O ano de 2016, que será o ano de implantação, será o ano de aprofundar o diálogo. Alunos vão continuar na escola que já estudam, não haverá mudança”, disse Alckmin.

A decisão ocorreu após os estudantes, contrários à medida, ocuparem mais de 195 escolas no estado, além de realizarem atos e manifestações. O pronunciamento de Alckmin ocorre no dia em que o instituto Data Folha publicou uma pesquisa onde sua popularidade atingiu o menor nível nos dez anos.

Durante o pronunciamento, Alckmin leu uma frase do Papa Francisco. “Sempre que perguntado entre a indiferença egoísta e o protesto violento, há uma solução sempre possível, o diálogo”. O Governador encerrou seu pronunciamento e não concedeu entrevista aos jornalistas presentes.

Repressão

No mesmo dia do anúncio do governador, a Polícia Militar reprimiu com bombas de gás lacrimogêneo estudantes que manifestavam contra o projeto de reorganização escolar na Avenida Faria Lima. A manifestação seguiu até a Avenida Paulista, onde sofreu mais repressão da PM, encerrando em frente à secretaria de educação.

 
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Publicado por em 04/12/2015 em Educação

 

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